Dia após dia, pouco a pouco ganho coragem e força para avançar com o plano. Hoje passo ao de leve na mão, um pequeno corte como se fosse papel; amanhã experimento o braço, um golpe maior como se tivesse caído; no dia a seguir mais perto do pulso, ainda ao de leve... As linhas demarcadas na pele são difíceis de resistir e a vontade de provar o líquido que corre nelas é esmagadoramente feroz.
Enquanto espero ansiosa pelo momento , a memória prega-me partidas e mostra-me pequenos feixes de luz de momentos que sorri e ri, de momentos que tinha a felicidade estampada no rosto, o problema é que nada conseguirá mudar a decisão tomada e ganho ainda mais força para acabar com a minha vida... Sempre que passava um bom bocado, roubavam-me o chão que pisava e a queda era vertiginosa e inesperada.
Comigo nada levo, deixo tudo. Não preciso de nada depois de morrer, nem de compreensão, pois essa implorei que ma dessem enquanto respirava e não tive, fui privada do seu uso e do seu significado! Não preciso de penas ou adorações, as coisas são como são e não como queríamos que fossem. O momento oportuno chegou, acabou a dor, finalmente vou ser livre!