segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Poema: "Amor de Verão"


O tempo está a terminar.
Aproveito para beijar o último
raio de sol que brilha no infinito.

A água, começa a evaporar-se e
a areia da praia, escorrega-se
pelos finos dedos do luar.

As correrias aos encontros secretos
estão no fim do tempo e vê-se caras
molhadas, sentadas na esplanada,
a rever o passado.

Acontecimentos impossíveis de crescer
ficaram marcados na minha boca,
e aquela imagem perfeita, todos os dias
emergia do fundo do meu olhar...

(Agosto de 2010) 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Medo

   Num mundo onde tudo é incerto é impossível viver uma vida correcta ou certa. Às vezes gostava de seguir uma linha recta, uma estrada longa e sem curvas, sem sinais, sem descidas e subidas... Será pedir muito por um trajecto sem pedras e fossos?
   Se ontem relembrava o passado e chorava o presente, com saudades dos tempos felizes, hoje dou por mim com medo de um futuro... um futuro que não está longe e faz estremecer cada pedacinho de mim... Irónico! As oportunidades tropeçam à nossa frente, vêm ao nosso encontro e ficamos paralisados, estáticos sem saber o que fazer ou dizer... Tenho medo... Tenho medo e estou cansada... Cansada nem sei de quê, nem do quê... Confusa? Assustada? Receosa? Feliz? Nervosa? Simples palavras com uma entoação forte...
   Eu sei que não posso desligar neste momento, eu sei... eu sei que várias portas se fecharam, outras nunca irão abrir-se e umas abrir-se-ão, mas até lá, o que é que vai acontecer? Mãos e pés estão amarrados e no entanto, não são cordas que apertam mas majestosos fios de seda... Todavia a vontade de desligar é imensa...
   Admito, estou sem rumo e sem direcção... Nem o orgulho, nem a força impediram que lavasse por breves minutos a cara... Ali, não houve vergonha, mas medo e fragilidade... a inocente fragilidade de criança...


Luz Ao Fundo Do Túnel

      


      Dia-a-dia estou a aprender, se bem de um modo demorado e lento, a sorrir e a ser feliz, a tornar real de novo a criança perdida que construía castelos no ar... Admito: isto custa. O corpo e a mente estão de tal forma habituados a uma rotina de dor e lágrimas que o simples sorriso, mesmo que não seja genuíno, é já uma barreira transposta, a caminho da meta. Não acreditava que seria possível ver uma luz ao fundo do túnel, quanto mais secar por meros instantes as cortantes gotas que rasgavam a face, todavia começo a acreditar em tal possibilidade. A jornada será comprida e difícil, sei disso, mas no final valerá todos os segundos presentes que serão histórias de vida no passado e lições no futuro. Acho que quero ser feliz, sim, não digo "eu quero", mas "acho" porque será menos atroz se não realizar esse feito.
      Como disse, dia-a-dia, passo-a-passo, vou ultrapassando obstáculos que se cruzam no caminho, dos quais não são ultrapassados sozinhos, estes são superados com a ajuda da compreensão e da amizade vindas de fora e não de mim. Um sincero aplauso para todos aqueles que superam as fases mais negras das suas vidas e um agradecimento verdadeiro para os anjos que nos acompanham, também eu tenho um sempre ao meu lado e confesso, nunca estarei grata o suficiente por tudo o que esse anjo faz, quanto mais abdicar dele! Ele, mais do que eu até, acredita naquilo que sou capaz de ser e fazer e não se cansa de me dizer tais factos... São acções com uma força divina, que nos levantam o ânimo e nos devolvem a vontade que tinha desaparecido.
      Podia passar a vida inteira a agradecer tudo aquilo que fizeste, fazes e farás e nunca chegaria a ser suficiente, pois não haverá o suficiente para tal gratidão. 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Poema "Voz Que Se Cala"


Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as água de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera, que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e é pequenino!

Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...

(Florbela Espanca)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Citação

"É uma resposta aos que chamam ao suicídio um fim de cobardes e de fracos, quando são unicamente os fortes que se matam! Sabem lá esses pseudo-fortes o que é preciso de coragem para friamente, simplesmente, dizer um adeus à vida, à vida que é um instinto de todos nós, à vida tão amada e desejada a despeito de tudo, embora esta vida seja apenas um pântano infecto e imundo!"
Florbela Espanca 
      
      A idade é apenas um número em toda um vida que temos, podemos ser crianças e ter sofrido bastante, como ser adultos e ainda não ter sabido o que é a morte e a dor. Não há uma linha cronológica para estes acontecimentos ocorrerem, assim como não há duas dores ou duas felicidades iguais. Não acredito em coincidências, todavia o destino prega-nos partidas, das quais a espera nunca é esperada...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Saudade

"Há momentos na vida que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la." - Clarice Lispector

Como o tempo passa... Parece que tudo aconteceu ontem e na realidade já passaram 3 anos. Perco-me no baú de álbuns de fotografias e encontro recordações que tinham ficado trancadas a sete chaves, recordações essas de instantes preciosos mas que magoam a serem lembrados. Não estás cá mais nenhum dia e será impossível sentir de novo o teu carinho e ouvir a tua voz... só em pensamento e o pensamento é muito pouco... 

Palavras Perdidas

      

       Desde o nascimento até à morte passamos por várias experiências que nos ensinam uma lição, ou que nos fazem ver o que é importante na vida. Assim sendo, também há dias que não queremos que terminem e outros que podiam não ter acordado.
      Como os dias, os sentimentos tornam-se maiores ou então desaparecem na obscuridade, estou cansada da dor, gasta psicologicamente e fisicamente acabada, como se tivesse sido arrastada durante muito tempo. A depressão é um ciclo vicioso, hoje estás bem mas amanhã não te conheces, é como uma droga da qual queres largar todavia o teu organismo entra em ressaca, porque se habituou a ela.
      Não há melhor analogia que esta: a depressão é análoga aos sentimentos, análoga ao amor, pois ambos passam pelas três fases de aceitação e desespero. Numa primeira etapa é uma mera ilusão, os outros estão enganados, eu estou bem, estão a fazer confusão, é apenas uma dor de cabeça passageira. Depois vêm os desmaios, a vontade incontrolável de chorar sem parar, o termo à vida. Por fim a aceitação impossível de fugir, a tomada de consciência de que, afinal, estou fora de mim, que a mentira e a negação dos factos acabaram. Porquê o desespero? O não querer dizer a palavra "sim"? Porque entro num mundo desconhecido e estou com medo daquilo em que me tornei. Com medo daquilo que sou e não sou capaz de fazer, com medo de uma doença que não se cura, pois ficam cicatrizes para a eternidade.
      Sou como uma bomba-relógio prestes a rebentar se cortarem o fio errado, mas em mim, os fios certos não estão presentes... a única alternativa é atrasar o inegável: a explosão final.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Enganos...

    

      O ser humano tem diferentes formas de sentir o mesmo sofrimento, ou até de se expressar perante tal sentimento. Com tantos motivos e várias formas de expressão, esquecemos-nos do principal fio condutor: afinal, o que é "sofrer"? Seremos nós dependentes do sofrimento, inconscientemente?  Diz-se que o maior sofrimento é não ser amado, mas se amarmos podemos sair magoados, por isso jogamos na defensiva e contra-atacamos quando esse sentimento se aproxima, acabando na mesma, por sofrer.
      No início não damos confiança a ninguém com medo de nos aproximarmos demais, todavia há sempre aqueles que são persistentes e só descansam depois de ter na sua "lista" mais um "check" marcado... como um troféu na estante do quarto e nós, adormecidos pelas suas palavras, caímos na armadilha. Somos humanos, somos seres criados com sentimentos, dúvidas e carências... Ocorrem atracções, nascem faíscas e desaparecem medos porque ficamos vidrados nesse alguém, e por mais que não queiramos ceder, as "borboletas na barriga" ganham vida, querem conhecer novos horizontes e explorar novos mundos. O que fazer nestes instantes? Não admitir a realidade? Engraçado... que realidade?
      Ficou escuro, o Sol já se pôs e o frio entra pelas fendas da roupa... é hora de ir embora, hora de virar as costas  e suspirar para o ar um último "Amo-te". Por muito sofrimento que nos cause, por muita dor que haja, o corte irá sarar e um dia aquela palavra passará a ser passado.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Último desejo

   O que fazer quando tudo à nossa volta desmorona? Quando, de um minuto para o outro, o paraíso transforma-se em inferno e tudo o que é maravilhoso fica odioso? O que fazer quando o último pedido que queremos pedir é voar para sempre?
   As memórias ganham vida diante os meus olhos e volto atrás no tempo, a um período onde a ingenuidade e a inocência caminhavam de mãos juntas... Os risos ecoam no ar e contagiam os rostos mais sérios e no olhar, estrelinhas que piscam constantemente sem se apagarem. A alegria era evidente e calorosa naquele tempo, naquele espaço. Duas estrelinhas azuis olhavam para o céu e questionavam o infinito, construíam castelos no ar com a imaginação e soavam gargalhadas quando estes se erguiam no limpo céu. Nos dias de frio, em que o mundo se cobria de um manto branco, nasciam bonecos de neve, pequenos anjos tomavam as suas formas e à noite flocos de cristal dançavam até ao solo. A criança estava feliz, que mais poderia desejar? O mundo era seu e a maldade só existia nas histórias de "Era uma vez...".
   Volto ao presente... a mente para de vaguear e retorna ao ponto de partida onde se encontra. Estranho... sinto as maçãs do rosto molhadas... não dei pelas lágrimas que caíam desde os meus olhos até aos meus lábios... estou cansada... quero repousar... - "Anda, vem comigo." - suspira-me uma voz ao pé de mim, nos meus ouvidos. De forma automática sigo-a e deixo-me adormecer, embalada na sua música celestial.
   Lembro-me de acordar sobre um corpo e não sentir mais dor... pedido concretizado, voei, para sempre.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Amor

   

      Diz-se que existem duas pessoas destinadas uma para a outra, que se conhecem quando menos estão à espera e da forma mais imprevista do dia... Se assim é, porque é que há quem fique para sempre sozinho? Estaremos mesmo "destinados" a alguém? Então, se assim é, porque é que demora tanto tempo a encontrar "esse alguém"?
      Nas questões de amor, penso que o tempo seja subjetivo pois não há uma hora exacta para que algo cresça entre duas pessoas, simplesmente aperece envolto numa  névoa que nos cobre sem darmos por isso.


O amor é algo que dói quando traído,
Ferida interior que não se vê.
O amor é algo que aleija quando não se quer.

É oportunidade que se agarra,
É chance desorientada,
É sentimento que se quer e não se tem.

Vento que sopra e não se vê,
Mar que bate no peito e nos derroba.
Chama qu se acende ao ver alguém.
Lume ardente que queima o coração.

O amor, todos queremos senti-lo,
Todos queremos experimentá-lo,
Mas nem todos o queremos ter...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Batalha Pessoal

     Já escrevi muitas coisas até ao presente momento, já li muita informação sobre isto e aquilo. A minha mente não pára um minuto que seja, principalmente quando tem como aliado o coração. Ambos, os dois, mente e coração formam uma dupla imbatível e impressionante.
      Se por um lado a parte racional não me deixa fazer asneiras, a parte emocional desarma-me e provoca-me uma onda de incertezas e perigos. A mente e o coração são como a terra e o céu, não têm fim, não se tocam, todavia partilham pontes invisíveis que tornam a sua ligação quase possível! Se por um lado a mente diz-me, com todas as palavras - "Acorda para a realidade, tu não o amas. Desperta desse sono e foca-te no que tens à tua frente, naquilo que precisas." - o coração, passo a passo, da forma mais sorrateira que existe diz-me "Não acordes, mantém-te nos teus sonhos, segue-me para todo o sempre, eu sou o único com razão. Não acordes, insiste." Aqui está uma hipnose bem feita.
      Cada novo nascer do dia é uma batalha a travar, cada nova morte do dia é uma incógnita intoxicante! Como posso estar à altura de mim mesma? Eu própria sou a minha armadilha, a frente de exército sem armadura. Luto cada nova madrugada com o raciocínio e o emocional. Quem ganha, quem perde? Empates são impossíveis, já as mazelas obrigatórias.Duas frentes poderosas estão do mesmo lado.
      Eu sei que sou forte, tenho noção disso. Infelizmente também tenho noção das fraquezas e basta um único "Sim, aceito" para a batalha acabar com a derrota. O coração venceu! Erguem-se os portões para um novo início: a Perdição.  

Daqui a... anos

      O que pensamos nos tempos mortos? Naquelas alturas que esperamos no trânsito, impacientes para chegar a casa ou quando nada há para fazer? Questiono-me vezes sem conta onde estarei daqui a uns anos, não digo cinco ou seis, mas uns mais distantes?
      Eis alguns quebra-cabeças que nos fazem reflectir sem darmos por isso. São perguntas que não possuem afirmações nem negações, pois são respostas pessoais, do qual só as pessoas que nós queremos é que têm acesso. Sendo o futuro um acontecimento incerto, dificilmente poderemos acertar no conjunto de resultados, todavia não é impossível, se bem que a vida é uma ciência incerta porque o que hoje é aceite, amanhã poderá ser errado.
      Estou curiosa, ou melhor, é um misto de sensações: por um lado gostava de saber o que vai acontecer daqui a... anos, por outro nem por isso. O melhor na vida são as surpresas e a história que vem com elas!


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Perguntas...

   Acabou... acabou tudo por fim. No fundo sinto um alívio arrebatador, mas há superfície um aperto e uma angústia sem explicação, como se algo viesse contra mim com uma força imensa. Sou confusa na minha confusão, se é difícil eu compreender-me, como é que os outros poderiam realizar tal proeza? Tal mistério sem ilusão, tal truque sem segredos consegue ser impossível de resolver até para as mentes mais brilhantes.
   Hoje o dia começou com uma pergunta: "Porque é que queres seguir esse caminho?". Após a questão sucederam-se minutos de silêncio, puros minutos transformados em horas, que culminaram com a descida de um enorme pano branco sobre o pensamento. Não há nada que seja para sempre. Nem a dor, nem a felicidade. Nem o desgosto, nem o amor... Mas será para sempre o sentimento de exclusão e solidão? Estará, uma pessoa, destinada a ficar sozinha durante o seu longo período de estadia no lado vivo do planeta, ou poderá encontrar alguém que a complete nos seus últimos minutos, apenas para não voar sozinha, apenas para iludida, poder continuar o seu percurso?
   Admito que tenho assuntos, situações, momentos e até mesmo acções que não quero admitir, não quero e não consigo verbaliza-las, pois é nessa altura que se tornam verdadeiras e tomam vida. Terei medo ou falta de coragem para encará-las e encará-los de frente? Ou apenas o susto que me provocam? O que sou e como sou? Forte e sorridente à frente e fraca e chorosa por trás, ou uma mistura dos dois?
   Penso que seja isso, luto por algo que quero manter escondido e nunca revelar, todavia estou constantemente a ser posta à prova, a ver se aguento. Haverá um dia que irei rebentar, mais tarde ou mais cedo, mas um dia próximo. Hoje, amanhã, depois de amanhã, ontem?... Honestamente não sei. Preciso de espairecer, respirar a natureza pura do que me é querido, preciso mais do que alguma coisa, mergulhar no oceano e beijar o último raio de sol no fundo do infinito. Só depois poderei saber que estou viva. Sim, sou exigente, mas não tenho alternativa possível, obrigaram-me a sê-lo. 


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Citação

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!" - Florbela Espanca

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Ser Humano

   Generaliza-se muito a definição de ser humano. A realidade é que esta mesma definição tem vários erros e demasiadas generalizações.
   Para o que é concreto, o ser humano é constituído por ossos, carne e músculos (a massa cinzenta não conta, em alguns casos atrofiou com o tempo, tornou-se um órgão vestigial). Para o que se abstrai e vê mais além, o ser humano é constituído por duas partes: uma física e uma espiritual, sendo a segunda a mais importante. O corpo, o ser-se magro, gordo, grande, pequeno, o que quer que seja não interessa para nada, não é a minha fisionomia que importa, pois não define quem eu sou, como ser humano. A minha personalidade e a minha forma de ser esconde-se na parte espiritual, onde só alguns têm a oportunidade única de aceder.
   É então na minha parte espiritual, na minha alma, que guardo tudo o que é sagrado em mim. Aqui estão os meus sonhos, os meus pesadelos, a minha personalidade… basicamente, a minha essência. Como disse, são poucos os corajosos que enfrentam as inúmeras armadilhas para observarem, por puros instantes, o tesouro que tanto guardo. Esses aventureiros são de louvar, pois não desistem do que tencionam possuir.
   Voltando a falar sobre a minha fisionomia, aviso para quem quiser ir em frente, e para os mais distraídos, aviso para terem cuidado com a imagem que transmito, a inocência é usada como arma, foquem-se no interior e nas pistas que são, de vez em quando, reveladas, não no exterior. No exterior deparam-se com aquilo que é perigoso, deparam-se com a mentira e a falsidade, deparam-se com aquilo a que o ser humano está acostumado a ver em vez de sentir e perceber.
   Aconselho ainda a deixarem de parte as máscaras que tanto adoram usar, isso são objectos que deviam pertencer exclusivamente às peças de teatro. Mais uma vez, a máscara esconde o exterior do ser humano, pois o interior mantém-se inalterável, não há adereço ou objecto algum que encubra para sempre a parte espiritual.

Pensamentos Vagos, Sem Conexão...

   Todos os dias são pares de horas que tento viver sem dificuldade. Ao longo da nossa caminhada iremos encontrar novos portos seguros e perder antigos “ombros amigos onde chorar”. A nossa caminhada é incerta, apenas o passado é concreto, apenas ele está traçado e inalterado, o futuro é inadiável, enquanto que o presente acaba por ser um misto entre o que ficou e o que poderá aparecer.
   Hoje, o que dás por garantido, por fixo, o que dás por teu é uma mera ilusão, um mero esgar de luz que não chega a iluminar um fio do teu cabelo. Hoje estás no topo, junto dos melhores, a viver o que sempre imaginaste e quiseste fazer; amanhã os que estavam contigo no dia da tua fama, são os que te espezinham e atiram o lixo para esse mesmo chão, onde passaste a dormir.
   Dos três tempos existentes, o que dói mais é o passado. O passado é a arma mortífera que te aniquila aos poucos, arma essa que despedaça dolorosamente aquilo que és, arma essa que corrói como um simples veneno que beija cada parte do teu corpo, que contagia cada gota do teu sangue. Como disse, o presente é o intermediário dos três, já ele estragado com os destroços largados anteriormente e com muito pouco a fazer para melhorar o que quer que seja. O futuro… o que posso dizer de uma coisa que não existe, que não conheço? O futuro está arruinado desde o início, para quê continuar, para quê sequer tentar pensar em algo que nunca irá nascer?

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...