(...)Voltei a sentir-me gelado pela sensação do irreparável. E tive consciência de que me era insuportável pensar que nunca mais ouviria aquele riso. Para mim, era como uma fonte no meio do deserto.
-- Quero ouvir-te rir mais uma vez, meu rapazinho!
(...)
-- O que é importante, não se vê...
-- Pois não...
-- É como com a flor. Quando se ama uma flor que está plantada numa estrela, é bom olhar para o céu, à noite. É que todas as estrelas ficam floridas...
-- Pois ficam...
(...)
-- Depois, à noite, pões-te a olhar para as estrelas. A minha é pequenina demais para se ver daqui. Mas é melhor assim: para ti, a minha estrela vai ser uma estrela qualquer. Assim gostas de olhar para as estrelas todas... Todas elas serão tuas amigas. E agora vou dar-te uma prenda!
E voltou a rir.
-- Ah, meu menino, meu menino, como eu gosto de ouvir esse teu riso!
-- É precisamente a minha prenda... É como com a água...-O que é que isso quer dizer?- As pssoas têm estrelas que não são as mesmas. Para os viajantes, as estrelas são guias. (...) Tu, tu vais ter estrelas como mais ninguém...
-- O que é que isso quer dizer?
-- À noite, pões-te a olhar para o céu e, como eu moro numa delas, como eu me estou a rir numa delas, para ti, é como se todas as estrelas se rissem! Vais ser a única pessoa no mundo que tem estrelas capazes de rir!
E voltou a rir.