segunda-feira, 16 de março de 2015

Carta de despedida

Londres, 16 de Março, de 2015
De: Mim
Para: Ti

      Olá! As últimas palavras proferidas para ti ainda não foram ditas nem há minutos, mas houve muitas que ficaram por dizer e outras que não tive coragem de as verbalizar. Não sei se foi por bloqueio ou se por o momento não ser o indicado, todavia chegou a hora... Chegou a hora de acabar com as mentiras e colocar "as cartas em cima da mesa", por isso, só te peço que leias com atenção esta carta que te escrevo.
      Sentada junto à janela procuro as palavras certas para falar contigo, procuro-as no coração e nas imagens que me assaltam a mente, procuro as palavras que me sufocam e não querem sair. Quando te digo - «Eu amo-te» -, nunca é da boca para fora, não é mais uma frase feita que se ouve com regularidade, são palavras com um sentimento escondido nas entrelinhas. Lembras-te como tudo começou? Como de simples estranhos passamos a ser o mundo um do outro? Eu lembro-me, lembro-me da troca inesperada e tímida de olhares, de um - «Oi!...» - pensativo e curioso e quis saber tudo sobre ti, quis fazer parte do que eras e fazias, lembro-me de pensar - «Sim, é ele. O príncipe encantado que andava perdido e que tanto procurei... É ele, é ele que será a chave do meu coração...». - E tu deste início a um novo capítulo do meu livro, onde escrevi uma parte do romance e eu deixei que tu entrasses, que derrubasses cada pedra da muralha que eu tinha erguido.
      Adorava todas as surpresas que preparavas, todos os passeios ao pôr-do-sol, todos os mimos e carinho que me davas, adorava todos os beijos que roubávamos um ao outro. Ahahah!, lembras-te daquela vez que caímos na água do lago, no nosso jardim, porque estava amuada e não queria dar-te um beijo? Tanto esforçaste que eu caí para trás e levei-te comigo! Sim, o amuo passou, a forma como me disseste - «Quero-te para sempre.» - conquistou o que ainda contra-atacava. Lembro-me do primeiro beijo que demos, da primeira rosa que me entregaste, da primeira vez que me tocaste a face, do quão gentil e apaixonado estavas e olhavas na profundeza dos meus olhos. Lembro-me... lembro-me da primeira noite que não dormiste em casa, porque eu não queria ficar longe de ti.
      E como diz a letra de uma música, tudo o que inicia também finda, e um dia os afectos começaram a dissipar-se em pequeninas nuvens, um dia os teus gestos começaram a não fazer falta, começaste a não fazer falta. O que mudou? Começaste a afastar-te, a dar-me por um "jogo ganho", as palavras sentidas não eram mais proferidas por ti e quando sentiste que, também eu, deixei de te querer como queria, percebeste que eu te fazia falta e, assim como o súbito "jogo ganho", assim voltou o fazeres tudo por aquela rapariga que te amava desde aquela troca de olhares. E eu deixei que entrasses de novo, todavia já não era igual, não conseguia ver mais o príncipe encantado, a pedra da muralha adquiriu uma maior consistência e menti aos dois. Menti a mim e a ti... É mesmo isso que estás a pensar...
      Está na hora de ouvires pela última vez este nome, não quero mentir nem enganar mais, aqui está o que não arranjei forças para te dizer, meu amor: Acabou... É um ponto final sem mudança de parágrafo. As lágrimas estão a escorrer-me pela cara e o meu coração desfaz-se em migalhas e dói-me, mas é o fim... este amor já não faz sentido. Adeus... Para sempre... Adeus... 

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