quinta-feira, 31 de março de 2016

Solidão própria

   Uma relação de amizade trespassa as barreiras do saudável quando um dos lados se torna "dependente" do outro. Inconscientemente estaremos a ficar, ou já ficámos, doentes por atenção? Habituamos-nos àquela rotina de todas as manhãs sermos acordados pela luz do visor do telemóvel e todas as noites essa mesma luz ser a última a adormecer.
      Pode não ser o correto a fazer, é um facto, no entanto parece que nos sentimos mais amados, que temos alguém que sente a nossa falta e que somos, de certa forma, importantes na sua vida. O nosso ego conquista novos horizontes, toda a atenção e carinho que nos dão faz o olhar brilhar e a realidade ganha um sabor melhor que os sonhos! Todavia, a longo prazo revela-se que afinal não é bem assim, a realidade não é melhor que o mundo idealizado por nós.
      Por muitos afectos que recebamos daqueles que amamos e que nos são essenciais, do que serve se não tivermos amor próprio? Se não gostarmos de nós mesmos, qual é a necessidade de recebermos aqueles gestos? Para nos enganarmos? Acreditando que é o suficiente e que com o tempo nos habituamos à situação, como uma rotina? E se, de repente, as pessoas nos deixarem e partirem para longe? Onde estará a "dose" de carinho e afecto? O corpo entra em falência porque não sabe alimentar-se sozinho, não consegue olhar para si e ver o quanto especial é! Porque tornou-se "dependente" dos corpos de fora e acomodou-se à ideia de que "tenho quem me diga e mostre o que preciso, por isso, não preciso de fazer mais nada".
      Neste momento, talvez um pouco tarde, dá-se conta de que se adoeceu... o amor próprio desvaneceu-se na totalidade e o que sobra é um imenso vazio.      
      

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...