A vida dificilmente me deixa sonhar alto, quando estou prestes a sair do abismo rapidamente desprende-se o pedaço de terra que agarro, tal Sísifo a erguer o pedregulho penhasco acima, e todo o meu corpo se despenha. Volto a erguer-me do solo e mais uma vez rumo em direcção ao cume, no entanto com as forças fragilizadas.
Não sei explicar ou demonstrar o quanto quero ficar bem, recuperar deste turbilhão de emoções indefinidas e confusas, como se fosse bipolar, voltar a ser a pessoa que era, voltar a ter uma personalidade única e ter o espírito em paz. Muitos dizem que para isso acontecer tenho que me afastar dos problemas dos que me rodeiam, mas assim que raio de amizade seria a nossa? A minha? A deles? Os amigos não servem só para as gargalhadas ou para as festas, mais do que a diversão os amigos são o porto seguro onde atracar o barco, o ponto luminoso que nos guia no meio da tempestade e o abraço que nos recebe sussurrando que "vai ficar tudo bem, porque no fim tudo acaba bem".