quarta-feira, 4 de março de 2015

Passeio

   Ontem apeteceu-me ir andar sem rumo, viajar sem parar, vaguear por aí e parar só quando fiquei sem forças para mais. Da praia até à serra, do mar até à terra, do comum até ao místico, necessitei de tudo isso, necessitei de sentir preenchido os lugares em falta dentro de mim, aqueles em que sonhei um dia vires a deslumbrar-te com a luz e nunca a roubares... todavia a ganância falou mais alto que os meus sentimentos, roubaste o brilho dela e levaste-o contigo deixando-me para trás, na escuridão...
   O início da caminhada tinha uma meta ao longe e um objectivo concreto, com o passar dos minutos, das horas ambos dissiparam-se como um nevoeiro, que vem e vai sem avisar. Os passos que começaram à beira-mar acabaram no meio da serra, os passos que acompanhavam o rebentar das ondas desviaram-se para os trilhos sinuosos das raízes e a mente vagueava por aqui e por ali, não queria acreditar na realidade mas sim que era apenas mais um pesadelo daqueles que se acorda sobressaltado, a meio da noite. Por mim, passavam casais felizes e embriagados no carinho e amor um do outro... pergunto-me: Quando é que será a minha vez? Quando é que experienciarei esta embriaguez? Quando é que irei sentir o aconchego e o calor de um beijo verdadeiro? Quando, quando, quando... Tantos "quandos"!!
  Passeava no meio de outros seres iguais a mim, estes com grandes sorrisos e cariciosos olhares quando viam a pessoa a seu lado. Passeava, e as palavras que eles verbalizavam eram puros ecos ao fundo... Eu observava as ondas, ao longe, que vinham e iam, observava as formas impressas na areia, olhava não sei bem para onde... olhava para a mancha em tons de vermelho e laranja, salpicada com algum violeta.
   Fim da tarde, início da noite, mais uma vez perdi-me no tempo. Neste momento já não há criança, já não há ingenuidade nem inocência. Neste momento existe uma pessoa adulta, alguém realista e com escassez de sonhos e contos de fadas. Neste momento vê-se a realidade pura e dura... sem escondidas e sem medos. A criança, acabou de completar um ciclo: cresceu.

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...